RESUMO Introdução A colofónia é uma mistura complexa de mais de cem compostos, resultado da destilação da oleorresina, obtida de plantas pertencentes à família Pinaceae (principalmente o género Pinus). São os produtos de oxidação da colofónia não modificada e modificada, bem como alguns dos novos ácidos de resina sintetizados durante a sua modificação, que englobam os principais alergénios da colofónia. Esta possui inúmeras aplicações em casa e no trabalho, sendo que a exposição à colofónia e à colofónia modificada é praticamente universal. Relatamos um caso de dermatite de contacto alérgica à colofónia em contexto profissional. Caso clínico Homem caucasiano, 41 anos, operador de impressões gráficas desde há vinte e um anos, encaminhado ao Departamento de Dermatologia do Hospital de Braga, devido a lesões eritemato-descamativas localizadas no dorso e face lateral das mãos, com agravamento durante a atividade profissional. Sem antecedentes pessoais de rinite alérgica, asma ou alergia a alimentos ou medicamentos. Estas lesões evoluíam de forma crónica desde há cerca de dez anos, cedendo à aplicação tópica de corticoides. No local de trabalho, o funcionário era responsável por preparar e operar a ‘impressora offset’, ou seja, calibrar o equipamento, encher depósitos de tinta, efetuar o controlo de qualidade da impressão e executar ajustes, por vezes sem o uso adequado dos equipamentos de proteção individual. O trabalhador referia melhoria clínica com o afastamento prolongado do local de trabalho. Devido à suspeita de dermatite de contacto alérgica, após a resolução dos sintomas, foram realizados testes epicutâneos, com a série padrão do Grupo Português de Estudos das Dermatites de Contacto e uma série complementar de borracha, plásticos e colas. Obteve-se uma reação positiva à colofónia (++) e ao ácido abiético (++) às 72 e 96 horas, respetivamente. Após verificação das fichas de segurança das tintas de impressão e do contacto direto com o fabricante das mesmas, foi possível confirmar a presença de derivados de colofónia. Posteriormente a patologia foi participada como doença profissional. Discussão/conclusão Na indústria de artes gráficas, a colofónia e os seus derivados servem principalmente para aumentar a adesão da tinta ao papel. Neste trabalhador, assumiu-se nexo de causalidade entre a exposição à colofónia presente nas tintas de impressão e o diagnóstico de dermatite de contato alérgica. Neste caso, a implementação de medidas de proteção coletiva. bem como o uso dos equipamentos de proteção individual adequados, é fundamental para proteger o profissional. Devem utilizar-se luvas de nitrilo, fardamento de proteção adequado, máscara de proteção/ respirador e óculos de segurança. É necessário ter presente esta etiologia para que, nestes trabalhadores, se possa proceder a um diagnóstico precoce com recomendação de medidas de proteção adequadas.
ABSTRACT Introduction Colophony is a complex mixture of over one hundred compounds, resulting from the distillation of oleoresin, obtained from plants belonging to Pinaceae (mainly Pinus genus). The main allergens are the rosin oxidation products (unmodified and modified), as well as some of the new resin acids synthesized during their modification. It has numerous domestic or industrial applications, and exposure to these compounds is practically universal. We report a case of an occupational allergic contact dermatitis to colophony. Case report A 41-year-old caucasian male, graphic print operator for twenty-one years, was referred to the Dermatology Department of Hospital de Braga, due to erythematodesquamative lesions, located on the back and lateral side of the hands, with aggravation during the professional activity. His personal history was negative for allergic rhinitis, asthma and allergy to particular foods or drugs. These lesions have evolved chronically for about ten years, yielding to the topical application of corticosteroids. In the workplace, he is responsible to makes ready and operates sheet-fed offset printing press, that is, calibrates the equipment, fills ink and dampening solution fountains, examines printed copy for ink density and makes adjustments, sometimes without the proper use of personal protective equipment. The patient reported improvement of symptomatology with prolonged withdrawal from the workplace. After resolution of symptoms, patch tests were carried out with the baseline standard Portuguese Contact Dermatitis Research Group series and a rubber series. A positive reaction was achieved to colophony (++) and abietic acid (++) at 72 and 96 hours. After checking the safety data sheets of printing inks and direct contact with their manufacturer, it was possible to confirm the presence of rosin derivatives. Later, the pathology was assumed as an Occupational Disease. Discussion/conclusion In printing ink industry, colophony and its derivatives are mainly used as colour carrier of the ink and to increase its adhesion to paper. In this worker, it was assumed a causal relationship between the exposure to the colophony present in the printing inks and the diagnosed of contact dermatitis. In this case, the implementation of collective protective measures as well as the use of personal protective equipment at work, its necessary to protect the user against health or the safety risk. It includes items such as nitrile gloves, protective clothing, a particle mask or respirator and the use of safety goggles. It is necessary to be aware of this etiology so that, in these workers, an early diagnosis can be made with the recommendation of appropriate protective measures.